Cerca de 45 famílias foram beneficiadas pela iniciativa que angariou mais de 1 tonelada de produtos alimentícios e de higiene.
Por Jordana Graci (Agência Adventista Sul-Americana de Notícias)
Um carrinheiro caminha lentamente puxando sua carroça em uma estrada suja e cheia de poeira. Cabeça baixa, aparência cansada, carrega em seus ombros o peso de mais um dia. Atrás da máscara de proteção respiratória, bastante suja, estão as rugas dos seus 67 anos e a expressão de quem nunca viveu algo assim: voltar para casa com a carroça vazia.
Com o comércio e as empresas fechadas devido ao período de quarentena para conter a disseminação do Covid-19, não há recicláveis para coletar. E mesmo quando algum material surge aqui e ali, não há para quem vender, já que os galpões de reciclagem também não estão funcionando.
Esta tem sido a realidade dos catadores de materiais recicláveis. Desde que foi iniciado o período de isolamento social, a rotina de muitos deles passou a ser ainda mais dura que o habitual. Inúmeras famílias dos bairros mais pobres de Curitiba não têm o que comer, descreve Everton Passos, diretor do Centro de Educação Infantil (CEI) Maestro Bento Mossurunga.
O poder do esforço coletivo
Cuidar daqueles que estão com as geladeiras e despensas vazias e não tem condições financeiras para manter a alimentação durante a pandemia tornou-se a missão do educador. Sua maior preocupação é alimentar seus alunos. Segundo ele, para muitos, escola fechada significa fome. “Nossas crianças vêm de uma realidade muito difícil. Para você ter ideia, as férias, nos dois períodos do ano, costumam ser dois momentos muito tristes para elas, que quando estão na escola tem três refeições no dia”, explica Passos. De acordo com o diretor, grande parte dos estudantes é de famílias de catadores de recicláveis e carrinheiros, e que o único lugar em que recebem comida é na instituição.
Para amenizar a situação foi preciso contar com o esforço coletivo de amigos, professores e do templo adventista do Parque Iguaçu. O resultado foi a arrecadação de 1 tonelada e 200 quilos de alimentos, que beneficiaram cerca de 45 famílias. Na composição das cestas, além dos produtos como arroz, feijão, ovos, frutas, verduras fresquinhas, produtos de higiene e limpeza, um livro que fala de esperança e um exemplar da revista Nosso Amiguinho completaram a doação.
Doar pode fazer a diferença
O idoso, descrito no início da matéria, foi um dos beneficiados. “Eles trabalham pra poder comer e o que nos deixou preocupados é que ele faz parte do grupo de risco e aparentava não estar bem de saúde”, descreve Passos.
Rita Américo, mãe de uma aluna de 7 anos da escola, relata que a ajuda chegou na hora certa. “Com tudo parado, não estou tendo trabalho e meus armários já estavam vazios”, explica.
De acordo com a voluntária Andrea de Melo, que contribuiu com doações e na divulgação do projeto, o sentimento de empatia e de amor ao próximo tomou conta de todos que se envolveram. “Nosso público é de crianças, em sua maioria, e a fome não espera. Ela dói”, ressalta.
Para ajudar com a doação de alimentos e produtos de higiene, interessados podem entrar em contato com o organizador do projeto através do WhatsApp (41) 99832-3103.