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DF registra 18,6 mil casos prováveis de dengue entre janeiro em maio
03/06/2019 06:32 em SAÚDE

Número de mortes, até aproximadamente o meio de maio, que era de um em 2018, passa para 21 em 2019

O número de casos prováveis de dengue, registrados de janeiro a 18 de maio, chegou a 18,6 mil, no Distrito Federal. O dado é do último balanço epidemiológico, divulgado pela Secretaria de Saúde, na última segunda-feira (27).

A quantidade é mais de 1.000% – ou onze vezes maior – do registrada, no mesmo período do ano passado (1.676 ocorrências). As mais de 18 mil notificações da doença superaram a marca compilada em todo ano passado, quando a secretaria registrou 2.351 casos.

As mortes pela doença também aumentaram no mesmo período de comparação. Neste ano, já foram registrados 21 óbitos. De janeiro a maio de 2018, uma pessoa morreu em decorrência de dengue.

Segundo o boletim, Planaltina foi a Região Administrativa com o maior número de casos de dengue registrados até o fim de abril, com 2.199 ocorrências. Em seguida, aparecem Ceilândia (2.132 casos), São Sebastião (1.557), Paranoá (1.327) e Itapoã (1.209).

O gerente da Vigilância de Doenças Transmissíveis da SES-DF, Fabiano Martins, explica que o aumento de casos deve-se ao ciclo epidemiológico da doença.

Para Martins, o período chuvoso “atípico” e a introdução de um novo sorotipo de dengue – o do tipo 2 – no DF são fatores que agravaram o cenário.

Segundo o gerente, o sorotipo tipo 2 é resistente a anticorpos e age com maior intensidade.

“Esse vírus, quando está no organismo da pessoa, tem uma capacidade de reprodução, de criar complicações ou casos graves. Isso também é muito associado a justamente ao histórico. Quando a pessoa já pegou dengue uma vez, quando ela pega, em uma segunda vez, esse sorotipo 2, correlacionam o fato da pessoa desenvolver para um quadro de maior gravidade”, explica Martins.

Keila Pereira, de 32 anos, mora em Itapoã e foi diagnosticada com dengue há pouco mais de um mês. A principal suspeita da porteira é que os mosquitos que a infectaram tenham se desenvolvido em um lote baldio, em frente à sua casa.

Keila cogitou estar com dengue após sentir uma dor muito forte na região do olho.

“Dor no corpo. Uma dor de cabeça, uma dor dentro dos olhos. É impressionante. Eu falei assim: eu não estou legal. Dentro do olho, parece que o olho vai estourar. E o resto do corpo, mas do corpo até que pode ser uma gripe que eu achei. Mas essa dor nos meus olhos era horrível”, relembra Keila.

O sorotipo 2 foi detectado em 72,8% das ocorrências até 18 de maio e sempre esteve no Distrito Federal e também é transmitido pelo mosquito aedes aegypti. Portanto a melhor forma de combate à dengue continua sendo evitar a proliferação do mosquito.

Casos devem diminuir com a seca

De acordo com Fabiano Martins, com o fim do período chuvoso, o número de casos de dengue irá diminuir. Mas o gestor alerta que a população do DF não pode relaxar com os lugares propícios para que os mosquitos se proliferem.

Para Martins, independentemente das pessoas morarem em condomínios, apartamentos ou casas, o importante é combater os focos de proliferação incessantemente.

“O desafio maior hoje é a gente não deixar esse mosquito nascer. E a forma como nós temos de não deixar esse mosquito nascer é remover todos os criadouros possíveis e prováveis. Lixo, a questão da infraestrutura, aquelas pessoas que reservam água em casa. Muitas pessoas não deixaram de armazenarem água nas suas casas e principalmente em depósitos a nível de solo”, defende.

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Tendas

Durante três semanas, Candangolândia, Estrutural, Itapoã, Planaltina, Sobradinho 2 e Varjão terão um serviço de atendimento específico para diagnóstico da dengue e reidratação. Cada local receberá uma estrutura composta por tendas infláveis que contam com camas de lona, cadeiras e insumos hospitalares. De domingo a domingo, das 7h às 19h, a população poderá ser atendida por uma equipe composta por médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem.

Pacientes com suspeita de dengue passarão por avaliação e, se necessário, farão o teste rápido, cujo resultado sai entre 30 minutos e uma hora. Nos casos mais leves, receberão soro para reidratação. No caso de situações graves, as pessoas serão encaminhadas para acompanhamento especializado.

Piscina de Ondas

Desativada há mais de 20 anos, a piscina de ondas, estrutura localizada no Parque da Cidade Dona Sarah Kubitschek, virou cenário de abandono. E mais que isso: o local é propício para a proliferação do mosquito da dengue. A água parada, repleta de lodo, porém límpida por cima, está presente em praticamente quase toda a estrutura da piscina.

Segundo a Secretaria de Turismo do Distrito Federal, o parque recebe, em média, 14 mil pessoas de segunda a sexta-feira e 37 mil aos fins de semana.

O estudante Eduardo Silva, de 28 anos, caminha pelo parque diariamente. O morador da Asa Sul está preocupado com a situação e tem receio de contrair dengue no local.

“Como é um lugar que eu frequento diariamente, não só para praticar esportes, eu também uso para locomoção no meu dia a dia – vou para a faculdade. Tudo eu uso o Parque da Cidade como meio para chegar nesses locais. Eu acho muito perigoso ter esses possíveis focos de dengue próximo de tantas pessoas que frequentam o parque”, diz.

Problemas na Secretaria de Saúde

A subsecretária de Vigilância à Saúde da SES-DF, Elaine Morelo, foi exonerada do cargo nesta segunda-feira (27). A subsecretaria é responsável por coordenar as ações de combate ao mosquito Aedes aegypti, responsável por transmitir doenças como dengue, chikungunya, febre amarela e zika no Distrito Federal. Elaine teria viajado para a Argentina em meio ao agravamento da situação da dengue no DF e isso teria motivado sua saída.

Na última quinta-feira (23), o diretor de Vigilância Ambiental da SES, setor que também é responsável por realizar ações de combate ao aedes, Petrônio da Silva Lopes, pediu demissão do posto.

Dengue no Brasil

Segundo o Ministério da Saúde foram registrados 451.685 casos prováveis de dengue no Brasil até o dia 13 de abril. O número representa um aumento de 339,9% em relação ao mesmo período do ano passado, que teve 102.681 ocorrências.

Tocantins, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, Acre, Espírito Santo, São Paulo e Distrito Federal tem incidência superior de 300 casos por 100 mil habitantes.

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