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Covid-19: Queda na demanda e paralisação da produção dificultam sobrevivência de empresas em meio à crise
Economia
Publicado em 10/04/2020

Para evitar demissões, indústria têxtil de Curitiba deu férias coletivas aos funcionários, medida adotada por 19% dos negócios do país, segundo CNI

Quatro em cada 10 indústrias do país (41%) interromperam a produção por conta da crise causada pela pandemia de covid-19. A maioria delas (79%) também percebeu queda no número de pedidos, segundo dados de uma sondagem feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) com 734 empreendimentos de pequeno, médio e grande porte em todo o país, entre os dias 26 e 27 de março. Dificuldades essas enfrentadas pelo empresário Mário Guimarães, dono de uma fábrica de peças de vestuário, como calças jeans e casacos, em Curitiba. 

A Spaço Vagun, no mercado há mais de duas décadas, produz cerca de 25 mil unidades por mês e emprega 130 funcionários direta ou indiretamente. Seguindo recomendações das autoridades de saúde e decretos estaduais, está de portas fechadas desde março. 

“Nós estamos com a nossa fábrica totalmente parada. Veio a ordem para encerrar as produções das nossas lojas. Nós temos duas lojas grandes para pronta entrega e tivemos que fechar por causa de venda. De repente veio essa pandemia e travou tudo”, lamenta Guimarães. 

A decisão da empresa foi dar férias coletivas a todos os empregados, medida adotada por 19% das indústrias brasileiras neste momento de crise, de acordo com o levantamento da CNI. Com isso, 40 mil peças prontas que seriam comercializadas durante o inverno, período de maior procura, estão paradas no estoque. 

Além disso, Mário Guimarães aponta que muitos clientes têm procurado a empresa para devolver mercadorias, já que a Spaço Vagun também revende sua produção para comércios da região metropolitana de Curitiba. Com fábrica fechada, depósito cheio e sem compradores, manter as contas em dia é a principal preocupação do empresário – cenário que se repete em 73% das indústrias consultadas pela CNI. 

“Muitos clientes querem devolver as mercadorias. Isso vai dar um baque muito grande no caixa da empresa. No momento, nós estamos pensando em preservar o nosso quadro de pessoal”, garante ele. 

A situação, segundo o diretor de Educação e Tecnologia da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e diretor-geral do SENAI, Rafael Lucchesi, é grave e requer que o governo federal e as entidades ligadas ao setor se unam para reduzir os impactos econômicos nesses negócios.

“O mais importante é salvar vidas. Ao mesmo tempo, a indústria tem que se ajustar a essas novas circunstâncias. Então, a CNI tem feito um conjunto de propostas para diferimento (adiamento) e parcelamento de dívidas fiscais e tributárias para dar maior oxigênio às empresas”, pontua Lucchesi. 

O adiamento temporário de pagamento de impostos (diferimento), a que se referiu Lucchesi, foi uma das medidas acatadas pela área econômica do Planalto. A ideia é aliviar o caixa das empresas e, com isso, evitar demissões em massa. Essa providência emergencial está prevista na MP 927/2020, assinada pelo presidente Jair Bolsonaro, e posterga o recolhimento do FGTS, pelos empregadores, dos meses de março, abril e maio, sem incidência de atualizações, multas e outros encargos.

Esforço conjunto

A CNI não é a única entidade ligada à indústria que propõe soluções para amenizar os efeitos da covid-19 e proteger quem produz e quem consome. O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), o Serviço Social da Indústria (SESI), o Instituto Euvaldo Lodi (IEL) e as Federações das Indústrias dos 26 estados e do DF também têm levado informação e tomado medidas para reduzir os impactos econômicos e preservar vidas por meio da campanha nacional “A indústria contra o coronavírus”.  

O SENAI, por exemplo, lançou o edital de inovação para a indústria, que investirá em projetos destinados a prevenir, diagnosticar e tratar a covid-19 e que sejam de aplicação imediata. Isso inclui, por exemplo, a recuperação de aparelhos danificados e a aquisição e a produção de materiais como álcool em gel e máscaras. O investimento disponível para empresas e startups chega a R$ 30 milhões, se somadas as duas chamadas da licitação, e cada projeto poderá captar até R$ 2 milhões.

Na área educacional, a instituição abriu 100 mil vagas gratuitas em cursos a distância voltados à indústria 4.0, com temas ligados à tecnologia. Os cursos têm carga horária de 20 horas e estarão disponíveis até junho. Para ter acesso aos cursos e às vagas, basta acessar a plataforma Mundo SENAI (link) e fazer um cadastro simples. Mais informações podem ser acessadas nas redes sociais do SENAI e das demais entidades da indústria.

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