Quase um quarto dos jovens brasileiros (23%) nem estuda nem trabalha, segundo os novos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad contínua) sobre educação
Eles não estudam, nem trabalham formalmente. Mesmo desempenhando alguma atividade, em casa, por exemplo, ajudando a família com as crianças ou os idosos, dos 47,3 milhões de pessoas de 15 a 29 anos, 23% são conhecidos como a “geração nem-nem”, por não estarem na escola regular, na faculdade, ou fora do mercado de trabalho. Especialistas apontam para uma alternativa: a educação profissional.
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad contínua) divulgada na última semana, o percentual de jovens nessa situação é ainda mais alto na faixa etária que vai dos 18 aos 24 anos, idade em que, teoricamente, deveriam estar na universidade. O índice chega a 27,7%.
De acordo com o IBGE, a faixa etária com maior índice de pessoas nessa situação é o grupo de 18 a 24 anos, com 27,7%. O grupo de 25 a 29 anos também aparece próximo, com uma taxa de 25,7% das pessoas que não estudam e nem trabalham.
Para homens e mulheres o principal motivo para não estudar ou estar se qualificando, segundo a pesquisa, é o fato de estarem trabalhando ou procurando emprego. No caso dos homens, 47,7% dos jovens de 15 a 25 anos que estão fora da escola e também não fazem cursos disseram que não o fazem por esse motivo. Entre as mulheres, o percentual foi de 27,9%.
O professor e pesquisador do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho da Universidade de Brasília (UnB), Jairo Eduardo Borges de Andrade, destaca que a educação profissional é discutida há décadas como importante ferramenta para o crescimento do país.
“O que nós vimos depois da metade do século passado, especialmente depois da década de 80, foi o aparecimento da discussão da importância da educação para melhorar a competitividade. Isso aparece em função de mudanças no mundo do trabalho, em função de uma nova etapa da globalização.
De acordo com levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o curso técnico é o caminho mais rápido para a inserção qualificada do jovem no mundo do trabalho e também uma opção para o trabalhador desempregado em busca de recolocação no mercado. Em 2017, 70% dos que concluíram cursos técnicos foram inseridos no mercado de trabalho já no primeiro ano. O salário inicial de uma formação técnica, por exemplo, gira em torno de R$ 2 mil. Em dez anos de atividade, esse salário varia entre R$ 8,5 mil e R$ 12 mil.
Atento às dificuldades do mercado, Pedro Antônio Calistro da Silva Neto, de 17 anos, não quer correr o risco de ficar no hall da “geração nem-nem” por muito tempo. Hoje, tem dedicado tempo e atenção ao curso técnico em automação industrial, no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) de Palmas. Deixou os pais no Pará para correr atrás da tão falada qualificação profissional. “A questão do técnico é por ampliar bastante a visão de emprego e entrar mais fácil no mercado de trabalho. Se eu fizesse engenharia elétrica demoraria mais e ganharia a mesma coisa na função de técnico. Quero alguma boa coisa no final”, afirma o jovem.
A 11ª meta do Plano Nacional de Educação (PNE) é, justamente, triplicar as matrículas da educação profissional técnica de nível médio, assegurando a qualidade da oferta e pelo menos 50% (cinquenta por cento) da expansão no segmento público.